Mais de uma centena de investigadores de 30 nacionalidades reúnem-se durante quatro dias, em Bragança, para discutirem a apicultura e elaborarem propostas de regulamentação do setor a apresentar à União Europeia, divulgou hoje a organização.

A implementação de normas para o comércio de produtos, como a geleia real e pólen, com um valor comercial superior ao próprio mel, é um dos temas da ordem de trabalhos do simpósio internacional que decorre entre domingo e quarta-feira, organizado pelo Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança e pela Federação Nacional dos Apicultores de Portugal.

Segundo explicou à Lusa o coordenador do evento, Miguel Vilas Boas, “é deste fórum de discussão que muitas vezes sai a legislação e a regulamentação que a União Europeia aplica na apicultura”.

No simpósio de Bragança serão apresentadas, de acordo com aquele responsável, “as primeiras propostas de regulamentação para a exportação da geleia real e pólen, que serão encaminhadas aos peritos da União Europeia”.

A geleia real é um dos produtos mais caros da apicultura, vendida sobretudo para indústria farmacêutica, mas que também é consumida diretamente, assim como o pólen.

“Um dos grandes problemas na Europa é que a galeia real é toda importada da China e é necessário haver legislação para assegurar parâmetros de qualidade”, afirmou.

A exploração comercial interna destes produtos ainda é pequena, segundo o coordenador do evento, que apontou o caso de Portugal, aonde “apenas um ou dois produtores exporta geleia real”.

O interesse pela apicultura tem crescido em Portugal com uma produção média anual de mel que ronda as 10.800 toneladas, que representam um negócio superior a 29 milhões de euros em que a procura é superior à oferta.

O presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves, adiantou à Lusa que estão registadas no país 600 mil colmeias de 17 mil apicultores, mil dos quais profissionais que vivem exclusivamente desta atividade e detêm 40 por cento do total das colmeias nacionais.

A atividade é rentável, assegurou o dirigente, adiantando que “um apicultor com 350 colmeias, o patamar mínimo de rentabilidade de uma exploração apícola, consegue tirar um vencimento, para ele e outra pessoa, na ordem dos mil euros, amortizar o investimento e no final de seis anos tem tudo pago”.

A realização do simpósio internacional em Bragança reflete, segundo os organizadores, “a dinâmica do setor apícola em Portugal e também a importância que a atividade representa na região” de Trás-os-Montes.

A maior parte dos participantes neste encontro são oriundos de países europeus, mas também de Brasil e Colômbia, Arábia Saudita, Rússia e Irão.

HFI.

Lusa/fim

Publicado em ‘Porto Canal‘.