Notícias ESA

Blogue de notícias da Escola Superior Agrária de Bragança

Mais mato, mais risco de incêndios

A paisagem está em rápida mudança no Parque Natural de Montesinho.  O risco de incêndios maiores e mais intensos nunca foi tão grande nos últimos 50 anos.

Na freguesia mais elevada e remota do Parque Natural de Montesinho, no limite extremo de Trás-os-Montes, mais de três quartos da terra cultivada que havia em 1958 estão ocupados por mato e floresta, aumentando consideravelmente a probabilidade de a área ser consumida por incêndios de grandes proporções, de acordo com as conclusões de um estudo feito por quatro cientistas portugueses e publicado este mês nos Estados Unidos por um dos maiores editores mundiais de ciência, a Springer.

João Carlos Azevedo, investigador do Instituto Politécnico de Bragança, e outros três cientistas estudaram a evolução da paisagem na freguesia de França, que, além desta aldeia, inclui ainda as localidades de Portelo e Montesinho, numa área total de 5700 hectares. Em 50 anos, as terras cultivadas passaram de 22 para menos de 5% da superfície da freguesia.

“Não é nada que não soubéssemos, mas o que este estudo traz é a confirmação dessa realidade com números, áreas e parâmetros”. O abandono dos campos tem sido acompanhado por um decréscimo acentuado da população das três aldeias, que passou de 834 em 1960 para 275 em 2001. Três vezes menos. Em contrapartida, a área ocupada por mato denso de giesta e urze tornou-se quatro vezes maior do que na década de 50. O estudo recorreu a modelos de simulação de fogo para chegar à conclusão de que, apesar de não haver nenhum incêndio grande na freguesia há dez anos, o risco de vir a ocorrer um mais intenso e devastador do que no passado está no seu nível máximo. França é uma das freguesias mais procuradas pelos turistas que visitam o Parque Natural de Montesinho.

3 Comments

  1. José Saraiva

    2010/10/11 at 20:50

    O que o estudo refere para Montesinho passa-se em todo o país. A questão está em saber o que fazer uma vez que a agricultura de subsistência deixou de ser uma prática bem como o uso dos matos para a cama dos gados e a agricultura.

    Penso que a solução mais inteligente passa por povoamentos florestais de espécies autóctones e a regulação dos matos far-se-á de forma natural.

    Se procurarem uma solução mais vantajosa a curto prazo prazo e apostarem nas espécies de crescimento rápido irá manter-se o risco de combustividade agravado e outras implicações, quer ao nível da biodiversidade e da paisagem.

  2. Eduardo Madureira

    2010/10/12 at 14:46

    Parabéns ao meu antigo Prof. João Carlos Azevedo pelo estudo e, talvês, à sua esposa que me deu a cadeira de “fogos florestais”.
    Quanto ao estudo em si, assino por baixo o comentário feito por José Saraiva, pois espelha aquilo que eu penso. É necessária, urgententemente, uma política florestal adequada ao nosso país. Mas, ao que parece, os nossos políticos estão mais preocupados em aparecer na televisão a anunciar os meios envolvidos no combate, quando deveria passar pela prevenção (mas a sério) e outras medidas.

  3. Boa tarde.

    É óptimo, como antiga aluna do IPB, ver que se realizam estudos desta magnitude e importância. Muitos parabéns a todos pelo excelente trabalho!

    Infelizmente, o que se passa em Montesinho, passa-se no resto do país. Quanto mais mato, maior a biomassa acumulada no solo e muito maior o risco de incêndio. De acordo com o vosso estudo e com outros que li nos últimos anos, parece-me que, para a zona de Montesinho o futuro reserva incêndios de larga escala aos quais não se vai conseguir deitar a mão… é triste ver que temos um instituto que devia saber destas coisas (ICNB), mas que está mais preocupado com as antenas de telemóveis que não se podem colocar em lado nenhum do parque porque “a paisagem fica feia”… mas enfim… continuamos pequeninos em alguns casos… à excepção do IPB!!! =) Viv’ Agrária!!!

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

© 2024 Notícias ESA

Theme by Anders NorenUp ↑