Presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, aponta a exportação do ensino das Ciências Agrárias para optimizar recursos nacionais

O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) acolheu a única reunião, realizada em Portugal, no âmbito do Projecto ImpAQ – Melhorar a Comparabilidade das Qualificações em Agricultura. Os sete países parceiros neste programa juntaram-se para discutir e comparar as qualificações existentes em cada nação para, depois, se elaborar uma “matriz” que englobe todas as semelhanças e diferenças na área da Agricultura. A par desta reunião, o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, voltou a sublinhar o “excesso” de cursos em Ciências Agrárias e adiantou que a exportação do know-how português na matéria será uma mais-valia para o ensino e para o desenvolvimento do País.

Com um durabilidade de dois anos, o Projecto ImpAQ pretende, acima de tudo, “criar um conjunto de critérios que permitam a comparabilidade de formações e qualificações na área agrícola”, frisou o docente da Escola Superior Agrária do IPB, Tomás Figueiredo. As qualificações abrangidas vão desde os “níveis mais básicos, até aos mais superiores, incluindo doutoramentos”, bem como todas as áreas agrícolas, como as de pendor ambiental, biotecnológico, agro-alimentar, florestal e produção animal.

Para alcançar este propósito, o professor salientou que é fundamental criar, numa primeira fase, um “inventário das condições de formação em todos os países envolvidos”, registando todas as “qualificações existentes e os conceitos a elas associadas nos países integrantes”, referiu Tomás Figueiredo.

Em pontos gerais, este projecto visa a organização de “critérios básicos” que permita “dizer que uma certa formação num certo país é comparável a uma outra formação numa outra nação, até com diferente designação, mas cujo conteúdo e qualificações atribuídas sejam comparáveis”.

Liderado pela Universidade Marconi, de Itália, o projecto conta também com a parceria de Portugal, França, Áustria, Suécia, Hungria e Holanda. “Ainda que tenhamos uma diversidade de formações na Europa, vale a pena o esforço, porque estamos num contexto europeu de trabalho.” Neste âmbito, Tomás Figueiredo destacou que os empregadores e as instituições de ensino têm de se “consciencializar” que estão a “formar e qualificar pessoas para o espaço europeu e não somente para o seu próprio país”.

IPB vai exportar ensino das Ciências Agrárias

Para a realidade nacional, o presidente do IPB, Sobrinho Teixeira, salientou que existe um “excessivo” número de “escolas de Ciências Agrárias”, mas isso não significa, de acordo com o responsável, que se deva partir para o encerramento ou para a redução da oferta.

É que, na opinião de Sobrinho Teixeira, Portugal deve aproveitar, no seu todo, as mais-valias do conhecimento que detém nesta área para o exportar para, por exemplo, os países de língua portuguesa, onde existe uma carência de profissionais. “Já temos uma infra-estrutura montada e, por isso, devemos olhar para o ensino agrário no sentido da exportação. Por exemplo, Angola tem 11 engenheiros florestais para uma superfície que é 14 vezes superior à de Portugal. É nisto que devemos apostar.”

O presidente do IPB avançou também que professores agrários irão para São Tomé e Príncipe para dar aulas, por módulos, no Mestrado em Segurança Alimentar. “Temos que ver nas dificuldades uma oportunidade. Com a capacidade de recursos humanos e técnicos que as instituições de ensino têm, seria um desperdício desaproveitá-las.”

em: Mensageiro Bragança